Suicídio Coletivo
Aquela rua pela qual ele sempre passava
Hoje parecia até um pouco mais pesada
Aquela mesma moça que sempre o admirava
Hoje esta tão bela quanto cansada
Do dinheiro ele se apoderou
Uma Coca-Cola tanto admirava
Era aquele o dia em que não hesitou
Com o Veneno que no dinheiro pairava
O bendito refrigerante comprou.
Havia Veneno no ar
E as crianças que de baixo do viaduto sempre brincaram
Hoje vieram do refrigerante tomar
E nesse dia ao seu sofrimento saudaram
O homem descia pela rua com os copos
Oferecia a quem quer que aparecia
Via os vivos e os mortos
E Veneno naquela rua havia
A bela moça juntou-se na sarjeta
Apenas para pedir ao Diabo uma gorjeta
Tomou do refrigerante do bom moço
Mas havia Veneno no fundo do poço
O motorista e o cobrador
Celebrando tal celebre dor
Resolveram então provar
Mas também havia Veneno no olhar
O rapaz então encontrou um cão
Ao olhá-lo ali pedindo
Partiu seu resistente coração
Pois havia Veneno em seu Destino
Apoderou-se de um copo sem forma
Construiu um círculo que queria cantar
Refrigerante era daquele que se conforma
Veneno era daquele que não queria se conformar
Aos pobres;
Aos bons;
Aos trabalhadores;
Aos idolatrados;
Não existem nobres;
Não existem dons;
Não existem dores;
Não existem desonrados.
Só existia o puro Veneno,
Que assustava o Grande e assistia o Pequeno.
Tão doce e tão ácido
O refrigerante era inacabável
Juntou então seu rosto flácido
Com seu bom humor inesgotável
Provou do Veneno plácido
E tornou do Bom o Desagradável.