Marasmo
Minha pele só recobre a impolidez
Das réstias de uma alma dilacerada
Pelas garras da própria frigidez
Expostas em rimas pobres de ira exacerbada
Tomou-me o regozijo em ser mortal
Levou consigo a fé já retalhada
Deu-me o vazio por lástima pesada
Impeliu-me ao caminho inerte e sepulcral
Sorri por inércia à busca triunfal
Da velha e utópica felicidade uniforme
Descobri que é mero ser boçal
Quando o real é tido como disforme
Inebriei-me ao recusar a idealizada verdade
Entrei em coma com duas garrafas de melancolia líquida
Descobri que a morte chama aquele que se desvia
Da unilateralidade da farsa ociosa, eis-me a vida!