Displicência
Irrita-me profundamente
Com réstias insensatas e frias
De memórias cruas e indigentes
Arranha as cordas vocais
Só pra ver-me aos prantos
Depois se faz surdo e silencia meu canto
Entra desordeiro, demasiado barulhento
Arromba a porta, tão corriqueiro...
Vestido apenas por uma camada fina de desalento
Faz-se nu de repente
Persuade-me com versos indecentes
Suscita-me desejos ardentes
Permuta-me as idéias por instantes
Faz-me sentir o inexprimível
Sai então, sarcástico, aos risos
Destrói-me em vão
Só para satisfazer o ego
Destrói-me, são
Só porque não o nego.