Das velas, das portas e da alma

Não posso acender velas pra tudo

A cera arde sobre a pele, e não é porque sou eu

É porque tudo que é demais, um dia afoga

Ou enferruja … às vezes quebra

Às vezes mata

Achei brilhante o homem que me disse “seja!!!”

Também me dizer pra não ficar

Com suas próprias palavras, e seu próprio desespero

Mas me machucando por dentro, refletindo aqui fora

Alma, corpo …

Sabe as noites em que se acorda suado, com medo

Cansado, e se está só deitado?

Dizem que os olhos são a “porta da alma”

E num momento de desespero

Ao ver a porta fechada, ela se descontrola

Os sentimentos que obedecem ao corpo

Descontrolam a alma

E quando abrimos os olhos, e os chocamos com a parede

Ainda está lá … por uns dois segundos

Eu vi minha alma feito sombra

Com meu tamanho e meu jeito de fazer as coisas

Mas por hora, parecemos diferentes

Ela não sorri, e eu sim

Ela não gosta de sorrir

Ela dança, e eu não

Ela não sabe dançar

E mais uma vez, os moldes de corrupção do igual

E mais uma vez, menino … como sempre errei

Quero aliviar a pressão sobre o peito

A indagação sobre tudo

A massa que ainda está secando …

De um trabalho grande que tive de fazer

Pra não ter mais que pensar

Mas entre não fazer o que penso e não pensar no que faço

Prefiro aguardar o próximo pensamento

Quem sabe é mais um daqueles sorrisos em que já estou melhor.

Daniel Sena Pires – Das velas, das portas e da alma (08/08/2011)