À Olho Mágico e Nu
Uma tarde de silêncio mental.
Respiração imperceptível.
Meus vizinhos de cabeça vazia berravam sobre coisas inúteis em suas sacadas,
A seus vizinhos de coisas inúteis.
Seus cachorros latiam desesperadamente por um campo.
Talvez fosse a neurose frenética do salto alto de suas donas no assoalho.
Suas serviçais fumavam nos degraus do prédio.
Os homens do gás iam e vinham,
Os homens da água,
As mulheres das unhas dos pés e mãos das outras mulheres prédio.
Abriam-se janelas, fechavam-se janelas.
Isto estava em relação às janelas em frente,
E a distância mínima pra enxergar os pecados cometidos dentro de suas casas.
Empurravam a porta do elevador os garotos que acabaram de descobrir a masturbação
E também as garotas que insinuam não praticá-la.
Cada um em seu bloco.
A geometria da classificação social.
Somos blocos de uma sociedade alternativa sem muita alternativa.
Dentro do prédio nossa moral está em alta.
Enquanto basta abrir a porta onde o olho mágico está pelo lado de dentro,
Para nossos escrúpulos esvaecerem como verdade em procissão.