O crime


Sempre disciplinei meu ego
Talvez por excesso de elemento substancial.
Sempre achei tanta graça de algumas palavras
Aprendi desde cedo a onisciência do prelo,
Coisas que se parecem comigo
Outras que nem parecem tanto
Mas dão regularidade e abrigo!

Aprendi que o ventre é uma pandora remanescente
Hoje, com a ausência de alguns orgãos febris.
Sutis necessidades femininas
Delicadas e emergentes
Embora, mova freneticamente os quadris...

Sempre disciplinei meu instinto
Com alguma autoridade subjacente,
A lágrima do parto  nunca me coube.

Aprendi desde sempre
O que tudo mundo sempre soube,
Ser mãe é um movimento atemporal
Seguido de fora para dentro
E não há retorno
Estorno
Suborno
Milagre ou cirurgia
Que dissolva...

(  Dedico esse poema às vítimas do aborto )




Cristina Jordano
Enviado por Cristina Jordano em 03/08/2011
Reeditado em 03/08/2011
Código do texto: T3136150
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