Noite
Noite fria, silenciosa e taciturna
atento a escutar histórias que o vento me sussurra
Envolvido por panos úmidos, amassado no centro da sala
Só consigo ouvir o mundo quando o mundo inteiro se cala
Então a mente engana os olhos e a verdade estupra a doutrina
E em meu refluxo enxergo o meu reflexo
no milagre obtuso eu reconheço o nexo
Misturado entre travesseiros e injeções de penicilina
Recostar meu rosto no azulejo numa noite de inverno
ou ouvir minha pele gritar por estar no inferno
Nada disso se compara ao que trago na alma
Enquanto essa ausência o meu sono privar
só pela metade irei existir,
E quando essa ardência em meus olhos cessar
quero apenas dormir.