Escuro
Impelida à inequívoca perfeição
Jogada à eufonia imarcescível
Ouvindo a hipócrita pureza de seu coração
Escondendo os ferimentos tão detraídos
Afogou-se em inexaurível enfermidade
Sangrou até que finalmente se encontrou
Depredou toda a inocência em escarlate maldade
Deixou, instintivamente, que a luz se apagasse
O corpo hierático passou a ser uma camuflagem
Para a fétida impolidez de sua alma
E o sorriso a perfeita chave
Que a trancara no esquive da atrocidade
Pela manhã, fora levada da luminosidade
Por si só, lavada em infâmia
Despida de valores, só havia humanidade
Agiu racionalmente... Em sua insanidade
Sentiu a dor precisa ao expor um sorriso
Em escarlate, concentrado e líquido
Não se atreveu a derramar lágrimas
Destruiu tal vontade com ilusões sádicas
Então, finalmente, atingiu tal ponto de impassibilidade
Era a perfeição, livre de sensibilidade!
Porém viu-se diante de um único caminho, a verdade
O próprio corpo exânime... Ela voltara à realidade.