Desabafo !

Nada

Nada do que fiz

Me faz feliz

Nada do que fiz

Me trouxe a felicidade

De ver o mundo mais justo

Não que eu não tenha feito nada

Fiz muito

Muito pouco

E muito me resta a fazer

Fiz muros num rio de làgrimas e de dor

Jà saì guerreira, armada

Do ventre da Pàtria amada

Lutando com mil demônios

Quimeras

Lutando com o sorriso amarelo e cruel da fome

Rasgando a minha inocência de criança

E fazendo-me nadar

Em oceanos de lama

Nadei

Galerei

Me afoguei !

Morri mil mortes ensanguentadas

Morri sozinha

Amigos se foram

Justamente quando mais precisava deles

Implorei Deus e todos os santos

Nas trevas ardentes

Do meu inferno interior

Tentando quebrar desesperadamente

A indiferença do mundo

De todos

Algo que não posso definir

Gritou na minha alma

Gritou tão forte

Que voei

Sim

Voei !

Voei tão alto

Que perdi consciência

Perdi muito

Talvez tudo

Que no infinito

È nada !

Nada do que tinha ficou

Mergulhei em intensa plenitude

Não quis voltar

Voltei !

Aqui estou novamente

Perante o mundo

Sempre frio, injusto

Indiferente !

Nada

Nada do que fiz

Nada do que sonhei

Me dà a felicidade

De ver o mundo

Mais justo

Rita De Aragão Santana
Enviado por Rita De Aragão Santana em 04/12/2006
Reeditado em 15/06/2010
Código do texto: T309051