Desabafo !
Nada
Nada do que fiz
Me faz feliz
Nada do que fiz
Me trouxe a felicidade
De ver o mundo mais justo
Não que eu não tenha feito nada
Fiz muito
Muito pouco
E muito me resta a fazer
Fiz muros num rio de làgrimas e de dor
Jà saì guerreira, armada
Do ventre da Pàtria amada
Lutando com mil demônios
Quimeras
Lutando com o sorriso amarelo e cruel da fome
Rasgando a minha inocência de criança
E fazendo-me nadar
Em oceanos de lama
Nadei
Galerei
Me afoguei !
Morri mil mortes ensanguentadas
Morri sozinha
Amigos se foram
Justamente quando mais precisava deles
Implorei Deus e todos os santos
Nas trevas ardentes
Do meu inferno interior
Tentando quebrar desesperadamente
A indiferença do mundo
De todos
Algo que não posso definir
Gritou na minha alma
Gritou tão forte
Que voei
Sim
Voei !
Voei tão alto
Que perdi consciência
Perdi muito
Talvez tudo
Que no infinito
È nada !
Nada do que tinha ficou
Mergulhei em intensa plenitude
Não quis voltar
Voltei !
Aqui estou novamente
Perante o mundo
Sempre frio, injusto
Indiferente !
Nada
Nada do que fiz
Nada do que sonhei
Me dà a felicidade
De ver o mundo
Mais justo