Hecate

Que carrasco tão cruel

Ceifador, tormento

Falta sono, calma e compreensão

E se, por insistência, o homem dorme sem luz

Ele vem com suas náuseas sabor morte

Cor de sangue, mentando o corpo todo

Que gozo vazio, que forma horrível

E depois, como conquista …

Revela suas formas cadavéricas

Imagens fortes, e as entranhas se tornam cactos

E tudo vem sangrando lá de dentro

Aqueles dias que o céu não está nem sequer cinza

É um amarelo medroso

E a terra quase que te engole num sopapo

E não adianta socar a parede

Nem cantar hinos de redenção

E nem parar de respirar na esperança de que tudo vá embora

É mal e é drástico, é cataclísmico

É um caos por dentro, e lá fora nem vento há

E …

As hastes do teu corpo, ele sabe onde estão …

Cada uma

E faz questão de tragar teu ar

Morrem teus direitos, e teu prazer é suicida

Pois já não é novo, ou intenso

:::: Sabe quando a gente torce pra que seja só um pesadelo?

:::: Sabe quando o peito se rasga todo, e você não entende nada, tamanha a inércia?

E vai-se longe

Em distância de espírito, confusão e desespero

Tempo, convivência e projeção …

Dizem algo que não varia, não inibe, não incita.

Tudo é profundeza.

Daniel Sena Pires – Hecate (30/06/2011)