Jogo-me neste abismo...

Estou de braços abertos

A beira de um abismo

Chamado desespero

Enclausurado em meu próprio medo

Preso entre a chama do fogo da razão

E as sombras da ilusão

Perdido em cada dor que dilacera o peito

A um fio da linha da morte

De nada custaria jogar meu corpo ao relento

Não sentiria falta deste corpo que jaz nas sombras de um calvário

Amaldiçoado pelo medo de não conseguir continuar

Que só sabe se sentir vivo quando está sozinho – nas sombras da solidão

Eis o ceifeiro

Aquele que brinca com a alma

Que joga com a vida – mesmo que já desgastada pelo tempo

Estou à deriva dos meus medos

Jogo-me neste abismo

Entregando minha alma aos lamúrios da morte

Trágico é o fim daquele

Que mesmo no fim

Sente-se vulnerável as dores do corpo

E aos medos da alma