Castelo repetido

Castelos de areia se desfazem

Quando sem querer pensando, nos entregamos

E aparecemos assim nus perante o mundo

Com risco de nos desfazermos e quase devagar

Virarmos poeira inteira da vida

Sou assim essencialmente crua

Conseguindo atar no tempo os laços

Que prendem e desprendem um após o outro

Correndo o risco de parcelar minha vida

Em prestações sempre iguais

E esse alvo necessariamente marcado

Já sabendo o fim da estrada

Traz consigo o medo de arriscar

E contrariar a lei dos cretinos

Sem ter o trabalho de largar

É isso mesmo,

Desfazer quase sem querer do corpo

Para entregar-se transcendendo aos limites

Das explicações de nossos pais, tios e avós;

Para encontrar-se sozinho num encruzilhada de medos

Nesse estágio o que se quer mesmo

É o colo pensativo, as mãos quentes;

O afago de leve nos cabelos

De qualquer um, de amigo, de amor, de irmão.

Para pulverizar todas as incertezas dos olhos

É tudo tão junto, que as coisas se misturam.

Sendo o que é, fazendo o que nunca faria;

E caindo, e subindo, e rastejando;

Até que de repente alguém grite com dor maior

Para que possamos levantar e olhar para dentro

Lady Sophia
Enviado por Lady Sophia em 25/11/2006
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