Sinuosidade Sonora

ondas vinham,

pelos caminhos de pedra,

entre uma ladeira e outra nos afogavamos.

há se toda voz fosse iluminada,

se todo escuro além de seu negro,

não tivesse sons...

quantas auroras até o fim,

pois hoje somos,

uma nuvem sobre os olhos.

me de asas,

passo-lhe as cobras,

e caíras do céu.

Um Verso Em Desatino

Quem es tu,

porque entre os vaos me rodeiam,

se nem notas quem sou...

se fui cobra ou pássaro,

aos olhos dos homens e de Deus,

ninguem viu.

se componha,

pois o homem sem veste,

é pele, é alma, é vulto.

sobre as madrugadas,

pelas ribeiras da solidão,

descansando sobre o mármoreo inferno.

o que sou eu,

o que será tu,

depois deles.

Mistério em Desavença

e qual som jorrou,

que de meus ouvidos,

só me vem luz.

estais agora perdido,

entre ti e os mistérios,

prefiro-me só.

com os sons,

os relampejos fatais,

nas traçoeiras dedilhadas do além.

bate, toca, amortece,

porquê além do couro há pêlos,

e o corpo envaidece...

de loucuras sorrateiras,

enebriadas vertentes,

esconderam-se.

não por esses olhos,

não por esses rastros,

mas pelos seus mistérios.

Humberto Fonseca
Enviado por Humberto Fonseca em 01/06/2011
Código do texto: T3007055
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