Essa voz...

Essa voz que as vezes ouço

Pondo angu no meu caroço

Meio carne de pescoço

Dizendo que vida é osso

Que não quero escutar

Que finjo não ser comigo

Que viro para o outro lado

Mas sinto perto o perigo

Essa voz densa e calada

Que adentra o meu peito

Não precisa fazer nada

Pra exigir seu direito

Assusta meus devaneios

Permeia-me á noite os sonhos

Que nem é voz, com efeito

Com o seu jeito medonho

Essa voz que vibra em dores

De consciência aturdida

É a voz dos meus credores

Com suas mãos estendidas