ODE & PAGODE
O que há de mais triste
do que a solidão
do poeta doidão ?
a solidão em quadrado
que mora bem ao lado
de seu coração cansado
que um vizinho bem vário
não sabe que um solitário
vizinho mora sozinho
um poeta na vizinhança
e feito uma criança
resiste em sua poesia
e faz de sua solidão
sua única companhia...
mas quem quer saber
do solitário poeta,
se a festa do vizinho
que também mora sozinho
naquele apê de arromba
onde a moçada zomba
do mundo e da vida
e da cara do poeta
que não gosta de festa ?
o que há de mais triste
do que a solidão
do poeta doidão ...
a solidão em quadrado
do cara bem quadrado
que vive sem festa
que mora bem ao lado
do apê bem badalado ?
mas da janela, o poeta,
olha a festa e contesta
olha para si,não acredita
olha para as estrelas,e desdita
a vida alheia e a lua cheia
e pega o lápis e papel
e olha para o céu
e rabisca alguns versos
e xingando o universo
faz de si o reverso
o cara mais perverso
e olhando para o sete-estrelo *
que lhe parece ainda mais belo
xinga os versos que não deslancham
antes fazer um bom lanche
mas pudera, com tal zoeira
as palavras viram poeira...
mas o poeta acha um solução
alisa o celular e avisa;
-quero um piazza..!
assim ele engana a solidão
abona seu sonâmbulo coração
e forra seu estômago bem magro...
e resiste em sua poesia
mesmo quando existe
o vizinho que persiste
em seu badalado pagote
e não importa com a ode
do poeta vizinho
que mora sozinho
bem ao lado....