AGITAÇÃO DE CIDADE GRANDE
Uma via sobe e desce,
Passam carros velozes
Levantando negro fumo
Parecem sem rumo
E estridentes vozes.
Olho o céu coberto
Por uma cinza camada
Uma brisa gélida no rosto,
Depois um sol de agosto
E logo a noite, a geada.
Na metrópole agitada,
Ritmo de ínclita cidade
Mesmo tendo um horizonte
Que desponta lá no monte
De uma e outra extremidade.
Olho para atravessar
Vias de veículos estressados
Que não enxergam gente
Não são um D´us clemente
Vivem todos apressados.
Aqui o galo não canta,
Mas zumbe alto a sirene
Cedo, na alva, já grita,
A humanidade que agita
A sonhada paz perene.
Desejo ouvir o grilo cantar
A qualquer hora do dia,
Não mais os roncos dos coletivos
Que levam os mortos vivos
Para uma lage fria.
Se na roça a quietude
Causa o ócio e o tédio,
Numa cidade alvoroçada
Perturba a vida traçada,
Deixando a alma sem remédio.
(JORÃO BENTO)