AGITAÇÃO DE CIDADE GRANDE

Uma via sobe e desce,

Passam carros velozes

Levantando negro fumo

Parecem sem rumo

E estridentes vozes.

Olho o céu coberto

Por uma cinza camada

Uma brisa gélida no rosto,

Depois um sol de agosto

E logo a noite, a geada.

Na metrópole agitada,

Ritmo de ínclita cidade

Mesmo tendo um horizonte

Que desponta lá no monte

De uma e outra extremidade.

Olho para atravessar

Vias de veículos estressados

Que não enxergam gente

Não são um D´us clemente

Vivem todos apressados.

Aqui o galo não canta,

Mas zumbe alto a sirene

Cedo, na alva, já grita,

A humanidade que agita

A sonhada paz perene.

Desejo ouvir o grilo cantar

A qualquer hora do dia,

Não mais os roncos dos coletivos

Que levam os mortos vivos

Para uma lage fria.

Se na roça a quietude

Causa o ócio e o tédio,

Numa cidade alvoroçada

Perturba a vida traçada,

Deixando a alma sem remédio.

(JORÃO BENTO)

JO BENTO
Enviado por JO BENTO em 28/04/2011
Reeditado em 19/12/2012
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