Bananeira Sem Cacho
Eu estou acostumada a lidar desde criança com a rudeza e ao mesmo tempo com o carinho dos animais selvagens ou domésticos.
O que é um feroz leão diante de uma mulher porreta?
Caminho solitária como muitas pela trilha dos inocentes
De repente pula um leão faminto e feroz na minha frente
Me espreita e me rodeia com um apurado olfato de macho
Olha para mim como se visse uma bananeira que ainda não soltou seu cacho
Tenta arrancar de dentro de mim minha dignidade e minha alegria
O que ele não imaginava é que sou a moça acostumada na vida a matar um leão por dia
Gritar não adiantaria pelo contrário só mais o atiçaria
Chamar por papai e mamãe só se eu fosse uma criançinha
Mineiras da roça costumam trazer sempre um canivete escondido na bainha
É a defesa para moças solitárias e que caminham sozinhas
O leão até saliva na lustrosa juba de tanta vontade
Pelo jeito faz tempo que ele não vê uma mulher de verdade
Deve passar as noites de lua cheia no msn da savana
Enquanto a moça dorme de ladinho perfumando sua quentinha cama
Manhosa me deito ali mesmo na poeira do chão
Ele dá o bote na busca libidinosa de devorar meu meigo coração
Nessa hora eu já espero por ele dengosa com o canivete na mão
Um golpe certeiro e jogo os bagos dele para o lado
Ele me solta e corre em direção a floresta de dor transtornado
Esqueci de avisar para ele que sou especialista em capar leão safado
Levanto e ajeito com cuidado minha bota e meu chapéu
Sacode a poeira mais uma vez Raquel
Só por amor uma moça deve se entregar
Porque as curvas de um corpo feminino não foram desenhadas para qualquer um pisar
Repense suas atitudes e não tente acuar moçinhas ingenuas nunca mais
Corre o risco de encontrar pela frente a personalidade da moça de Batatais
O leão não vai morrer mais vai ficar muito tempo sem poder se sentar
Será que a moçinha indefesa de tristeza vai chorar?
Claro que não ! Ela segue adiante porque ainda tem muito chão para caminhar...
E tenho dito...