Bananeira Sem Cacho

Eu estou acostumada a lidar desde criança com a rudeza e ao mesmo tempo com o carinho dos animais selvagens ou domésticos.

O que é um feroz leão diante de uma mulher porreta?

Caminho solitária como muitas pela trilha dos inocentes

De repente pula um leão faminto e feroz na minha frente

Me espreita e me rodeia com um apurado olfato de macho

Olha para mim como se visse uma bananeira que ainda não soltou seu cacho

Tenta arrancar de dentro de mim minha dignidade e minha alegria

O que ele não imaginava é que sou a moça acostumada na vida a matar um leão por dia

Gritar não adiantaria pelo contrário só mais o atiçaria

Chamar por papai e mamãe só se eu fosse uma criançinha

Mineiras da roça costumam trazer sempre um canivete escondido na bainha

É a defesa para moças solitárias e que caminham sozinhas

O leão até saliva na lustrosa juba de tanta vontade

Pelo jeito faz tempo que ele não vê uma mulher de verdade

Deve passar as noites de lua cheia no msn da savana

Enquanto a moça dorme de ladinho perfumando sua quentinha cama

Manhosa me deito ali mesmo na poeira do chão

Ele dá o bote na busca libidinosa de devorar meu meigo coração

Nessa hora eu já espero por ele dengosa com o canivete na mão

Um golpe certeiro e jogo os bagos dele para o lado

Ele me solta e corre em direção a floresta de dor transtornado

Esqueci de avisar para ele que sou especialista em capar leão safado

Levanto e ajeito com cuidado minha bota e meu chapéu

Sacode a poeira mais uma vez Raquel

Só por amor uma moça deve se entregar

Porque as curvas de um corpo feminino não foram desenhadas para qualquer um pisar

Repense suas atitudes e não tente acuar moçinhas ingenuas nunca mais

Corre o risco de encontrar pela frente a personalidade da moça de Batatais

O leão não vai morrer mais vai ficar muito tempo sem poder se sentar

Será que a moçinha indefesa de tristeza vai chorar?

Claro que não ! Ela segue adiante porque ainda tem muito chão para caminhar...

E tenho dito...

Raquel Cinderela as Avessas
Enviado por Raquel Cinderela as Avessas em 27/04/2011
Reeditado em 27/04/2011
Código do texto: T2934111