MEU SER CONFLITANTE

Sou humilde ser da existênica

Que D´us fez ser o que é

Dotado de sonhos e de fé;

Na árdua lida de implácavel fel

Debaixo de céu que me encerra

Na desventura amorosa

Levada no vento com a rosa

Que vi medrar lá na serra.

Tão longa jornada o tempo

Me foi cruel em poupar-me

E as ronchas a salientar-me,

Não resiste o sol, nem o frio,

Que a pele não tem espera

Sem perspectiva a esperança,

Quisera eu não ter sido criança,

Nem ter conhecido esta era!

A luta constante no seu íntimo,

São duas pessoas de cunhos iguais,

Que brigam entre si os seus ais,

Não recebi já do rei os tijolos

As vozes que queixam da sorte

Para produzir a precípua palha

O ócio que no sangue se espalha,

Só resta no leito a espera da morte.

Não gero aqui arrependimento,

Não arrependo-me se eu não fiz,

Mas tentei tudo o que quis;

Na influência ou por mera fraqueza

O que não quis me deixei levar

Para permitir impulsos levianos

Que me foram até mesmo profanos

Que me puxaram para este mar.

(JORÃO BENTO)

JO BENTO
Enviado por JO BENTO em 22/04/2011
Reeditado em 20/12/2012
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