ALMAS GÊMEAS DE MIM
Meu espírito nunca repousa de todas as aflições
Afligem-me as missões, o descanso nunca dura
Não importa a criatura que sou ou deixei de ser
Infeliz em não viver nem a paz, nem a loucura.
Poucas horas de sossego, passo na madrugada
Quando me vejo mudada, e então me desapego
Por um tempo não sou eu... ora, mas que cilada!
Será que só sou feliz, quando não estou comigo?
Se deixar-me não consigo e entender-me não posso
Deus, mas por que castigo, sou quem eu não suporto?
Será que existe uma porta que um dia hei de cruzar
E lá deixar-me morta e às pressas retornar?
E a que sobrevivi, saberei me adaptar?
Saberei então por fim, a mim mesma me entregar
Sem censura e sem boicote?
Ou pensarei dia e noite, apenas no que não vivi
Condenada por separar almas gêmeas de mim.