Nuvens encobertas de sangue.
Nuvens cinzentas encobertas de sangue.
Aves pretas voadoras saltitantes pelo céu e pela terra.
Feridas dançando em meu coração.
Espinhos profundos na alma gritando.
Neve de fumaça.
Escurecer de luz rocha.
Abismo em forma de chão.
Sonhos jogados no ventilador.
Carne pegajoza grudada no ar.
Ventos, ruídos e trremotos dentro de mim.
Eu sou essa criatura em eterna ebulição.
Um ser em combustão.
Uma alma em explosão.
Um bebê chorando o abandono.
Uma ave de rapina em busca de alimento.
Um pássaro sozinho chorando o ninho.
Eu sou a loucura do pó do nada.
Sou os versos rasgados jogados no lixo.
Unicórnios de dois chifres vem a noite me visitar.
Eu vejo anjos e demônios.
Loucura é esse mundo vazio.
Sou um fruto jogado numa existência imunda.
E entre escuridão, fumaça, aves voadoras e nuvens de sangue; sigo eu meu caminho.
Não há chão, nem ninho.
Há abismo em meio a pedras sujas de lodo.
Poeira fedorenta no ar que respiro meus dias últimos.
Sou o final de uma canção fúnubre.
Sou essa linha tênue entre a vida e a morte.
E sou acima de tudo o começo do fim.