ESSAS COISAS DA SOLIDÃO

Naquela hora da madrugada,
Silenciosa, monótona, esguia,
Sentia-se só, desamparada,
Um anjo de asas quebradas,
Precisava falar com alguém,
Ser abraçada, ter uma companhia,
Aliviar as dores que a alma tem.
Naquela hora de aguda angústia,
Os restos de luzes, a janela aberta,
Para circular um pouco de ar,
Um olhar perdido no nada,
Uma vida métrica, concreta,
Difícil demais de suportar,
E ninguém para consolar.
Ela na janela,
Estranhamente emoldurada,
Sentimentos no viés do sistema,
Propensos às rupturas,
Ela, a paisagem amarela,
A passagem para a loucura,
A opção, a interrogação, o dilema,
A janela no último andar,
Para ver o mar ou para pular?


- - - - - - - - - -

Solidão, bruxa malvada,

Que machuca, faz sofrer,

Na silente madrugada,

Ri-se do meu padecer.

(HLuna)