De passagem
Eu era um transeunte
Um passageiro anônimo
Um figurante
Uma espécie de antônimo de mim
Um casulo, um cupim
Eu era ignorado
Um imigrante ilegal
Um eleitor de eleição terminada
Um canastrão sem palco
Uma pedrinha na estrada
Eu era um medonho
Que não assustava
Nos sonhos dos outros
Insano
Eu me espelhava
Foi por segundo
Um cochilo à toa
Um flash, um pesadelo
Que por medo ou zelo
Logo me acordava