A MORTE ESPREITA OS AMALDIÇOADOS
Rasgo minhas vestes carnais,
dispo-me desta alma infeliz,
dentro todos: anjos e mortais,
não insisto, nem sei o que fiz;
presa neste calabouço imundo,
tenho meus pés decepados...
Mergulhada em sono profundo,
a morte espreita os amaldiçoados,
desce ao abismo fétido, tenebroso,
arranca minhas carnes apodrecidas,
abocanhadas por um cão leproso.
Alimentando criaturas entristecidas,
excrementadas em solo impuro,
adubam fossas pútridas, infestadas...
Tenho medo, peço ajuda neste perjúrio
do submundo; criaturas desdentadas,
são germes, parasitas e bactérias,
alimentadas pela carne em putrefação,
deixando livre, o espírito, da matéria
que sobe aos céus , buscando salvação...
A UM DEFUNTO NÃO CABEM HONRARIAS
Miguel Jacó
A um defunto não cabem honrarias,
Quem o faz é desprovido do saber,
A homenagem deve ser a o espírito,
Que se eleva para seu mundo conhecer,
Roga-se a Deus para triunfante recebe-lo,
Dando o perdão aos erros que cometeu.
A falência da matéria em carne viva,
Não denota uma morte nem o final,
As reciclagens apenas nos modificam,
Nos enviando ao reino celestial,
E as sensações a todos exemplificam.
Nossos restos se prestam a um banquete,
Desfrutado por vários oportunistas,
Que fazem festa e comemoram a conquista.
Os remorsos devem ser aposentados,
Confiemos no perdão pedido a Deus,
Nos façamos de entidades elevadas,
Alimentando uma crença em nosso ser,
Já deixamos as vísceras apodrecidas,
Nos livrando de tudo a nos corroer.
Bom dia Nana Okida, você lidou com este lado macabro da reciclagem de vidas com intensa maestria, de modos que a minha alma poética se viu compelida a fazer um desastrosa interação, mas já conheces bem nossas regras. Parabéns pela sua genialidade poética na construção de exímio texto. MJ.
Obrigada Miguel por esta eximia interação, enaltecendo cada verso da minha poesia. Beijos!