Mórbidas estações
Era inverno e eu estava tenso
Denso como as nuvens à minha cabeça
Em meio a enchente de motivos fúteis
Sem jeito ou truque que me desvaneça
Na primavera eu era um talo seco
Do chão via os cálices das flores vívidas
Olhos de castigo a exaltar contrastes
Entre o céu que cobre e o solo que abriga
Então verão e eu com a pele em brasa
Sem um torrão que fosse a minha casa
Exígua brisa de breve surpresa
Contemporiza com minha natureza
O outono veio de encontro ao mistério
De se esperar o que não se queria
Futuro inverno, úmido critério
Que inicia uma nova agonia