Voar
Asas!
Quantas vezes eu sonhei contigo
Te abanar freneticamente,
Planar com tuas faces ao sol
E os olhos se encantarem com as paisagens
Com os rios serpenteando no verde
Com as escarpas me oferecendo sombra e paz
E eu, rindo das outras pequeninas asas
Que, à minha frente, cruzavam os céus
Untava-te em óleo pra enfrentar as chuvas
Recolhidas que ficavas sobre mim nas tormentas
Abria-te em frente de quem me enfrentasse
Exibindo-as largas pra exigir temor
Porém, usar-te pra voar era o que me interessava
Para praticar a graça que me fora privada
Para vir e ir como o irmão condor
Cujo paixão pelo vôo é justificada
Mas voar não é só apenas voar
É antes ter que encarar o ônus da dádiva
E esse, que tal como voar, apenas os pássaros vivem,
Faz-me ficar plantado no estéreo chão
Sem a brisa e as cores que se tem de cima
Apenas com a rima
Escassa e fortuita como a inspiração