Poema Desidratado

Terça à noite, terça parte

de mim que se esvai

retalhos de paciência,

que retalio em golpes incompassivos

de insanidade, virulência

que é tão virtual quanto a indecência

das palavras que me vêm a mente

em descaso

desusos

Da camaradagem

á traição,

foi posta, a mente à mesa

as mãos em consciência

que expostas

envergonhavam-se

como criança nua

em foto-recordação

de infância

Sou, um pau vazio com cupins

que migram

em centenas pra outro canto perfurar

- que ameaçam o antulho na varanda -

prato vazio com formigas

que vivem das pendengas de quantos

milhos carregar

- jogos da madrugada –

Terça – terceira vez que insisto

sem me preocupar

paciência mordaz,

que me golpeia,

zomba,

reclama

esqueço-me do dia (o próximo)

falta água

falta luz

sabor

vontade

ato perdido,

em universos ressequidos

vai o verso

desidrata-se.

Márcio Diniz
Enviado por Márcio Diniz em 11/02/2011
Código do texto: T2786110