Poema Desidratado
Terça à noite, terça parte
de mim que se esvai
retalhos de paciência,
que retalio em golpes incompassivos
de insanidade, virulência
que é tão virtual quanto a indecência
das palavras que me vêm a mente
em descaso
desusos
Da camaradagem
á traição,
foi posta, a mente à mesa
as mãos em consciência
que expostas
envergonhavam-se
como criança nua
em foto-recordação
de infância
Sou, um pau vazio com cupins
que migram
em centenas pra outro canto perfurar
- que ameaçam o antulho na varanda -
prato vazio com formigas
que vivem das pendengas de quantos
milhos carregar
- jogos da madrugada –
Terça – terceira vez que insisto
sem me preocupar
paciência mordaz,
que me golpeia,
zomba,
reclama
esqueço-me do dia (o próximo)
falta água
falta luz
sabor
vontade
ato perdido,
em universos ressequidos
vai o verso
desidrata-se.