O LOUCO

O louco

O discurso do louco é subversivo.

A ordem do louco é caos.

Eu tenho um rei de paus.

Mas ele tem ases de copa.

A partida vencida.

No naipe, no signo.

Quem disse que isso é isso?

Quem disse que a volta é ida?

Jogam o jogo ao seu modo.

E as palavras fazem discursos de terno e gravata.

O louco não é ouvido.

Sua metáfora incomoda.

Sua metonímia provoca.

A ordem não suporta.

E o louco é calado.

Sua partilha é com os doutores.

Esses lhes ouvem as vozes.

As frases de crianças.

Olhares de terrores.

Uma corda cheia de tranças.

Por vezes escondem esperanças.

Conheci um velho.

Sua casa estava no morro.

Falava pouco.

Dizia quase nada.

O velho acreditou nas palavras.

O velho sabia o que dizia.

O velho esqueceu-se de seus dias.

O velho foi embora.

Roosevelt leite
Enviado por Roosevelt leite em 24/01/2011
Reeditado em 26/06/2017
Código do texto: T2748121
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