INSÔNIA DE SEGUNDA À NOITE

São quinze pras duas
Sentado na cama
Eu masco Trident
Uma Muriçoca
Tenta me picar
Enquanto isso no meu Not
A Ana Carolina
Canta "uma louca tempestade".
 
O silêncio se fez na cidade
É noite de segunda
Todo mundo está cansado
Ressaqueado do final de semana
E eu aqui sentado na cama
Não consigo controlar meus pensamentos.
 
Neste momento não quero ler
Cansei minha retina
Com os últimos livros do Durkheim
Só me resta então escrever.
Mas escrever o quê?
Não há mais nada pra dizer
Pelo menos não agora.
 
Lá fora só silêncio
Aqui dentro um turbilhão
Penso em você
Onde estás agora?
O que fazes a essa hora,
Será que como eu também pensa?
 
Lembro tanta coisa, tanta gente
Viajo a lugares distantes
E os pensamentos fervilham.
 
Pô, tenho que dormir!
Amanhã é dia de trampo
Não quero acordar com sono
Mas agora nem sono, nem sonho
Nada vem.
 
 O que me resta então a fazer
A não ser escrever
Sei nem bem o quê
Sem métrica, sem forma
Sem conteúdo,
As idéias estão mudas
Os pensamentos não.
 
E a insônia continua noite a dentro.