Ataner, querida
E quem diria que eram tristes aqueles olhos?
O amor mais simples transbordava,
Enquanto infelizes aves transformavam-se
Em alimento.
Teu cabelo que às vezes pegava fogo
Era tua marca mais precisa
Você não tinha cheiro,
Nem horizontes, nem começos
Todos perguntavam das tuas mãos,
Tuas palavras e palavrões...
Mas aqueles olhos...
Quem diria que eram tristes?
Apenas olhavam o mundo caótico de todos os dias
E esboçavam um brilho qualquer como improviso,
Mesma coisa os lábios e o sorriso,
Tua voz arrastada dizia entre os dentes,
Quase chorando, quase gemendo,
Que o mundo só é mundo
Se alguém nele estiver vivendo.
Não sei por que ainda penso nisso...