Bela Meretriz
Bela meretriz que aos meus braços,
Trouxe calor com seus abraços.
Sua face alva, de febre entorpecida,
Pareceu uma virgem a mim oferecida.
Nas ruas escuras, encontrei-a a vagar.
Com medo nos olhos, pareceu me olhar.
Ao seu leito junto a ela me deitei,
De seus temores e sonhos compartilhei.
Muitos em seus seios adormeceram,
Seus lábios rubros os acolheram.
Agora esses seios a mim pertencem,
Na noite fria e solitária me aquecem.
Esqueço-me de tudo em meu orgasmo,
Meu corpo enlaça o seu, fico pasmo.
No ápice do prazer meu corpo arrepia,
Percebo que sob mim, um cadáver esfria.
Assusto-me com enfadonha visão,
Parece saltar do peito meu coração.
A bela meretriz que de febre sofria,
Agora é uma morta, alva e sombria.
Saio da casa, vago nas ruas preocupado.
Que diabos acontecera? Estou assustado.
A mulher com quem me deitei morrera.
Por que este triste fim lhe acometera?
Volto à sua casa, adentro pela porta,
Estava em gozo, mas agora está morta.
Lembro-me de algo que havia esquecido,
Retiro algum dinheiro, sobre ela deposito.
A bela agora jaz morta em seu leito,
Seus seios não mais aquecerão meu peito.
Debruço-me sobre ela e sem pensar no assunto,
Vejo-me beijando os lábios do defunto.
Levanto-me assustado, sem entender,
O que eu fiz, por que isso foi acontecer!
Saio correndo da casa da meretriz
Tentando esquecer o que agora eu fiz.
A noite me protege da triste recordação
Tento esquecer aquela cena, aquela visão.
Então sorrio, pois uma coisa pude perceber.
Fui eu que dei a ela, seu último instante de prazer!