Bela Meretriz

Bela meretriz que aos meus braços,

Trouxe calor com seus abraços.

Sua face alva, de febre entorpecida,

Pareceu uma virgem a mim oferecida.

Nas ruas escuras, encontrei-a a vagar.

Com medo nos olhos, pareceu me olhar.

Ao seu leito junto a ela me deitei,

De seus temores e sonhos compartilhei.

Muitos em seus seios adormeceram,

Seus lábios rubros os acolheram.

Agora esses seios a mim pertencem,

Na noite fria e solitária me aquecem.

Esqueço-me de tudo em meu orgasmo,

Meu corpo enlaça o seu, fico pasmo.

No ápice do prazer meu corpo arrepia,

Percebo que sob mim, um cadáver esfria.

Assusto-me com enfadonha visão,

Parece saltar do peito meu coração.

A bela meretriz que de febre sofria,

Agora é uma morta, alva e sombria.

Saio da casa, vago nas ruas preocupado.

Que diabos acontecera? Estou assustado.

A mulher com quem me deitei morrera.

Por que este triste fim lhe acometera?

Volto à sua casa, adentro pela porta,

Estava em gozo, mas agora está morta.

Lembro-me de algo que havia esquecido,

Retiro algum dinheiro, sobre ela deposito.

A bela agora jaz morta em seu leito,

Seus seios não mais aquecerão meu peito.

Debruço-me sobre ela e sem pensar no assunto,

Vejo-me beijando os lábios do defunto.

Levanto-me assustado, sem entender,

O que eu fiz, por que isso foi acontecer!

Saio correndo da casa da meretriz

Tentando esquecer o que agora eu fiz.

A noite me protege da triste recordação

Tento esquecer aquela cena, aquela visão.

Então sorrio, pois uma coisa pude perceber.

Fui eu que dei a ela, seu último instante de prazer!

WeltonSilva
Enviado por WeltonSilva em 09/01/2011
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