Monstros
...E por falar em monstros...
Ouvi falar de uns que eu não concebia
Quando em minha inocência de criança ouvia
Tantas histórias deles pela minha terra
Já passava longe as estórias de guerra
Dos pracinhas brazucas nos campos da Itália
Somente menções, fragmentos, migalhas
Que não consideravam as memórias que eu queria
E o terror insistia
Não obstante fosse também fascinante
Carregados, densos, mistérios rastejantes
Barulhos de fogo na escuridão
Queimavam e sacudiam o meu coração
Me enterrava dentro do meu travesseiro
Mesmo acompanhado vinha o pesadelo
Ignorando o desvelo de quem me dava a mão
Mas hoje os monstros não têm cara concreta
São psicológicos, radioativos, invisíveis...
Sociais, raciais, econômicos e mais coisas maléficas
Ao invés das minhas vãs idéias de assombração
Veladas compleições
Das hoje monstruosas manipulações
Pressões estressantes, frustrações em série
Que impõem que eu reconsidere as alucinações