AMOR FELINO
Vens sorrateiramente e me tiras a noção,
do raciocínio lógico me levas à incompreensão,
incapaz de exercer a própria razão.
Pareces um gato ladino, macio e vadio
Que se insinua pelos meus labirintos
Tirando meu completo sossego
Da racionalidade a mim concebida
captas-me o dom de pensar
Que já nem sei como agir
Diante do fascínio a emergir
E totalmente perdida
rendo-me bandida e irracional
Sentindo-me entregue ao teu miado
Aos teus grunhidos assanhados
A teu instinto animal,
a tuas garras atrevidas,
Assim fico toda possuída
Entregue e vencida
A tua sensualidade agressiva,
aturdida por sentimentos anormais
Que sina é essa tão atrevida
A me levar em segundos à loucura
Onde emoção e desequilíbrio
transcendem o real...
Parece até transcendental
Metafísico e anormal
Traiçoeiro feito um felino, te vais.
Após ter impregnado minha pele de teu cheiro
e saciado a sede no cio da vida...
Deixas-me impregnada dos teus pelos
Com o coração arranhado ébrio de desejos
Sonhando acordada com teus beijos
Incendiando minh’alma a arder com o teu fogo,
tuas marcas a sangrar pelo meu corpo,
De que vulcão nascem teus instintos?
A me deixar invadir disfarçado em querubim
Nessa expressão muito mais que ardente
Da volúpia insana, intrépida e impetuosamente
Por que me maltratas tanto assim?!
Nem sei mais o que será de mim
De maneira fugaz, te vais,
deixando-me a lamber minhas feridas.
Duo: Carmen Lúcia e Hildebrando Menezes