Indigente

Indigente

Em um carro de fogo vejo a morte

Percebo o gosto do asfalto na pele

Que maldita falta de tato ou sorte

Massa cinzenta, espalhada repele

Sirenes que apitaram por consorte

Sou nenhum, sou um nada, sou “ele”

Corpo com cheiro de gasolina forte

Sou o descaso que orientado revele

Nessa velocidade da maldita pressa

O indigente com moscas aos olhos

Olha-me o pobre, o padre e a condessa

Olha condessa: veja meus miolos

Assuste-se ao mundo que dispensa

Notícias pautadas todos os caolhos

Os reis em terra de cego, nada pensa

Massa, chão, sangue seco, bugalhos

Um desgraçado morto em frangalhos

Mais um indigente, menor dor social

Ao inferno com seus malditos atalhos

Vala comum, caixa comum, sou nenhum.

Lord Brainron

lordbyron
Enviado por lordbyron em 15/12/2010
Código do texto: T2673300
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