Indigente
Indigente
Em um carro de fogo vejo a morte
Percebo o gosto do asfalto na pele
Que maldita falta de tato ou sorte
Massa cinzenta, espalhada repele
Sirenes que apitaram por consorte
Sou nenhum, sou um nada, sou “ele”
Corpo com cheiro de gasolina forte
Sou o descaso que orientado revele
Nessa velocidade da maldita pressa
O indigente com moscas aos olhos
Olha-me o pobre, o padre e a condessa
Olha condessa: veja meus miolos
Assuste-se ao mundo que dispensa
Notícias pautadas todos os caolhos
Os reis em terra de cego, nada pensa
Massa, chão, sangue seco, bugalhos
Um desgraçado morto em frangalhos
Mais um indigente, menor dor social
Ao inferno com seus malditos atalhos
Vala comum, caixa comum, sou nenhum.
Lord Brainron