Sopro de vida
Sopro de vida rara,
Vento forte que me assola;
Tu és o que eu tenho,
Coisa que não é minha...
Irás embora a qualquer hora
Me deixarás ao relento,
Quando virar o meu vento
Bem lá na curva da vinha;
Na curva do ponto torto,
Na alegria triste do horto
Onde sangra à revelia.
Palavras azuis que eu escuto
Quando te tardas no escuro
E eu, em cima do muro,
Sem horizonte, sem nada;
Mas outras têm cores quentes
Quando te brotas contente
No romper da madrugada.
Quando uivas nos fios gelados
Sinto-te dentro do peito
Meu canto brota calado.
Quero-te, amor de poeta,
De eternidade passageira;
Beija! morena trigueira...
Onde o cupido me acerta.