O MEU VAZIO
O vazio é o nada do nada,
o vazio não tem dimensão
é uma alma abandonada
esquecida na vastidão.
Sou a face do vazio
sou o seu bafo de brumas
o remédio que veio tardio,
todas as vis lagunas.
O balançar das cortinas,
na noite, o zumbido da calada,
os latidos dos cães nas matinas,
a paixão mais rejeitada.
É o vazio, o grasnido do corvo,
o vômito do bêbado na sarjeta,
aqueles tragos fortes que sorvo,
o pó das asas da borboleta.
O amargo fel da tristeza,
o frio que arrepia a solidão
a voz clamando, decepção!
impotência que causa a pobreza.
Tudo isso é o acerbo vazio,
quando pinga gotas de suor
no calor do corpo vadio
e que deixa no ar o seu odor.
O vazio da alma se apodera,
e irrompe todas as fronteiras
acinzenta a incinerada primavera
com o fogo de todas as fogueiras.
O vazio é gótico e caótico,
a terra era sem forma e vazia
como o meu coração hipnótico,
tonto, sofrendo de paralisia.
Pensando no teu vazio
que me lançastes no abismo
na falta de poderio,
nas mãos do ceticismo.
Exausto se apodera a fadiga
da minh´alma me entrego
a dúvida a minha maior inimiga
com ela vazio me esfrego.
O vazio que me causa pavor,
me deixa oco num terrível langor
na atmosfera que se apodera
na seca e cinzenta primavera.
(YEHORAM)