SARJETA
A cortina do passado se fechara
A vida tinha que prosseguir
Eu era obrigada a segui-la
Embora o meu desejo fosse ficar
Presa a tudo que amava...
Eu teria que deixar tudo
Para seguir em frente, sem perguntar
Que caminho seguir.
Qualquer caminho seria caminho...
Em tabernas, bares e cabarés
Não vivi, mas passei por todos eles,
Apática, sem vida, vazia...
O amor? Ah! Ah! Ah! Ah!
O amor era um pontinho pequenininho
Perdido lá atrás, distante
Num passado longínquo
Que, às vezes, penso não ter vivido...
E quando esse pontinho distante
Insiste em querer crescer, eu me embriago.
A bebida me leva a inconsciência total.
Bêbada, eu não tenho passado
E, já que sou desprovida de presente
Não preciso pensar no futuro...
Hoje, depois de passar nos exames da vida
De bar em bar, de cabaré em cabaré,
Fui aprovada e ganhei o prêmio máximo – a sarjeta.
A morte está tão distante...
Mas não tem importância,
Sentada nas esquinas da vida, bêbada,
Não será difícil esperá-la.
Não estou sofrendo, a bebida,
É minha amiga! Não me deixará sofrer
Porque me impede de pensar.
Ah! Ah! Ah! Ah! Ah!