Mania de ser

Sou do pouco a metade

Do malandro sou a droga

Do ruim sou a maldade

Sou do triste as lágrimas

Do amor sou a saudade

Sou do mendigo a esmola

Do mal vizinho a falcidade

Sou do pedinte a sacola

Do terrorista a crueldade

Sou resto que sobrou do resto

Do nada eu faço parte

Do ladrão sou o roubo

Da vítima o que foi roubado

Da polícia sou o cacetete

Do cabaré sou a vedete

Das trevas sou o escuro

Do inferno sou o diabo

Sou do presente o futuro

Da inundação sou a água

Do fogo sou o incendio

No jogo sou o que perde

Também o lucro perdido

Na família com meus irmãos

Sou o que tem mais sofrido

De todos os errados

Sou o mais arrependido

Da igreja sou o telhado

Da cadeia sou o preso

Dsa roupas sou o rasgado

Da seca sou a fome

Sou o verme que nos consome

Sou um relógio atrasado

Entre todos os pecadores

Dou o que tem mais pecado

Do pescador sou a isca

Do office boy sou o recado

Do show sou as vaias

Do tijolo sou o barro

Da casa de taipa as palhas

Do velório sou o caixão

Do defunto sou a mortalha

Do cego sou a bengala

Dos indios sou a flexa

Dos negros sou a senzala

Do mágico sou a cartola

Da topada sou a pedra

Dos aviões o que não decola

Do livro sou o final triste

Do cartaz sou a cola

Vivo de ser tudo

E mesmo assim não sou nada

Do ruim sou o péssimo

Da rua sou os buracos

Dos óculos sou a armação

Do dinheiro sou o troco

Do pecado a maldição.

LUPERSO MARANHÃO
Enviado por LUPERSO MARANHÃO em 26/11/2010
Código do texto: T2638997