ANGÚSTIA
Em mim,
o tédio da espera.
A angústia faminta da fera.
A mais feia das feias quimeras.
Na feia quimera,
o sangue fervente,
os dentes rangendo.
A baba na boca escorrendo.
A eminência do ataque demente.
O eco do uivo e do berro distante.
O grito de grito de dor no escuro da mente.
O incontrolável desatino satânico dentro de mim.
Dentro de mim,
a antropofagia sagaz do silêncio e da calma.
A vela queimando, derretendo sozinha quase apagada...
num canto oculto no escuro da alma.
No escuro da alma,
a incontrolável saga profana.
A reza, a tentação diabólica e insana.
A resistência, o soluço, o desespero e a raiva.
O descontrole compulsivo do berro e do choro.
A lágrima escorrendo no canto do olho.
O espanto diabólico do riso no rosto.
No riso do rosto,
o enigma impiedoso cortante da faca.
Os olhos arregalados na lâmina de prata.
A satisfação aparente no embargo da fala.
A gargalhada! a resolução já tomada.
A satisfação incontrolável da alma.
O mistério oculto dentro da mala.
Uma vida inocente ainda gemendo...
perto do fim.
Ao lado da mala,
escondida na sobra de sobra
sobria na beira da estrada,
almas chorando e anjos rezando,
o diabo contente zombando de mim.