ANGÚSTIA

Em mim,

o tédio da espera.

A angústia faminta da fera.

A mais feia das feias quimeras.

Na feia quimera,

o sangue fervente,

os dentes rangendo.

A baba na boca escorrendo.

A eminência do ataque demente.

O eco do uivo e do berro distante.

O grito de grito de dor no escuro da mente.

O incontrolável desatino satânico dentro de mim.

Dentro de mim,

a antropofagia sagaz do silêncio e da calma.

A vela queimando, derretendo sozinha quase apagada...

num canto oculto no escuro da alma.

No escuro da alma,

a incontrolável saga profana.

A reza, a tentação diabólica e insana.

A resistência, o soluço, o desespero e a raiva.

O descontrole compulsivo do berro e do choro.

A lágrima escorrendo no canto do olho.

O espanto diabólico do riso no rosto.

No riso do rosto,

o enigma impiedoso cortante da faca.

Os olhos arregalados na lâmina de prata.

A satisfação aparente no embargo da fala.

A gargalhada! a resolução já tomada.

A satisfação incontrolável da alma.

O mistério oculto dentro da mala.

Uma vida inocente ainda gemendo...

perto do fim.

Ao lado da mala,

escondida na sobra de sobra

sobria na beira da estrada,

almas chorando e anjos rezando,

o diabo contente zombando de mim.

Jaíres Rocha
Enviado por Jaíres Rocha em 06/11/2010
Código do texto: T2600304
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