SHLOMO DE CHELM
Shlomo! Grande figura!
Cômica, tosco e culto,
de onde me saiu tal criatura?
Sua sabedoria é um insulto.
De Chelm, cidade dos tolos,
de algum lugar da Polônia,
eles são Shlomo de rolos,
deixam qualquer um com insônia.
Shlomo!? Nada a ver com Salomão,
o rei, filho de David, autor de Porvérbios,
este segundo era sábio de coração,
o primeiro confunde até os advérbios.
Ele se acha, pensa que é cantor,
sua voz de taquara, como menino,
nem chegaria perto do pior tenor
ai meus ouvidos! Triste destino!
Shlomo me faz muito rir,
me causa tanta perplexidade
quando fala parece que vai engolir,
quando abraça, quanta atrocidade!
Espalhafatoso, indiscreto,
fala aos quatro ventos;
sempre quer parecer esperto
deixa todos muito atentos.
Shlomo de Chelm, o burro,
Shlomo de Belo Horizonte,
seu pensamento é um sussurro
grande e godo feito um rinoceronte.
Sai para lá, shlomo, meu amigo!
Me esquece, eu quero ser eu,
sua forma de pensar é um perigo
não tem nisso nada de judeu.
Tu não é meu inimigo
nem eu te odeio
mas não te suporto comigo
eu te tirei num sorteio.
Shlomo, quer dizer, Salomão,
teu nome hebraico é identidade
tenho que te aguentar como irmão,
deixa o meu nome fluir verdade.
Shlomo, tu fizestes a Haftará,
claro que tentastes a melodia
não adianta querer me imitar,
nem de noite, nem de dia.
Este é o Shlomo, minha pedra,
aquela do caminho,
que me impele olhar para a regra,
mas não estou nessa sozinho.
(YEHORAM)