VOYEUR (COLETÂNEA "EU, NATURALMENTE")
Brilhante.
Vermelho e dourado movimentam-se,
Numa dança frenética,
Misturando-se numa loucura
De movimentos.
Línguas enlouquecidas
Deliciam-se com o ar frio,
Lambendo-o em seqüências aleatórias,
Chocando-se em direção
Ao céu noturno.
Vibra a substância disforme,
Torcendo-se em figuras desconhecidas,
Unindo-se e espalhando-se freneticamente.
Ruídos lhe escapam involuntários
Com força e poder irresistíveis,
Com graça e beleza epiléticas.
A luz que sai de si
Capta a luz de meus olhos,
Presos num voyeurismo incansável.
Suas curvas irrequietas
Parecem gritar de prazer
Consumindo em brasa a madeira
Já castigada por sua essência.
Brilhante. Fascinante.
Chamas crepitantes
Que me hipnotizam
Num breve instante
De puro desejo.
Queima.