Sonhos
Uma bela noite
Sonhei que era um porco,
E senti na epiderme
Que eu seria morto
Para que os homens saboreassem minha carne.
Outra bela noite
Sonhei que era uma pomba
Que saia por ai voando
Pelos prédios, cagando
Na ruas, carros, pessoas.
Em um desses cochilos da tarde
Sonhei que era um rato,
Brincando com os alimentos,
Fazendo sujeira pelos cantos
E morando no meu quarto, na parede.
Numa aula de língua portuguesa
Sonhei que era uma lagartixa
Fria, pegajosa
Que seria espancada
Por pesadas chineladas.
Em outro sonho esquisito
Sonhei que era um mosquito
Que estavas sempre a sugar,
Sempre a perturbar
Com esses barulhos chatos.
Mas o que eu queria ser
Nesses meus sonhos mirabolantes
Era, com certeza, uma barata gigante,
O que ainda continua sendo um sonho.