Desconstrução

Quando há no peito um vazio,

Um ôco, sem poesia,

Começo a escrever o nada,

Sem rima, rumo ou valia.

Palavras soltas no vento,

No desamparo, um rebento

Sem quebranto ou fantazia.

Eu faço papel de louco,

Faço até papel em branco

Que um ator jamais faria.

Quando eu não tenho palavras

Pra explicar o meu silêncio,

Eu desescrevo a ausência

Do que penso e que despenso.

Despensando o que há pensado,

Desgritando o que há de grito,

Desrespeitando com respeito

Um descrever desescrito

E até desacreditando

No que jamais acredito.

carlinhos matogrosso
Enviado por carlinhos matogrosso em 15/10/2010
Reeditado em 15/10/2010
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