Desconstrução
Quando há no peito um vazio,
Um ôco, sem poesia,
Começo a escrever o nada,
Sem rima, rumo ou valia.
Palavras soltas no vento,
No desamparo, um rebento
Sem quebranto ou fantazia.
Eu faço papel de louco,
Faço até papel em branco
Que um ator jamais faria.
Quando eu não tenho palavras
Pra explicar o meu silêncio,
Eu desescrevo a ausência
Do que penso e que despenso.
Despensando o que há pensado,
Desgritando o que há de grito,
Desrespeitando com respeito
Um descrever desescrito
E até desacreditando
No que jamais acredito.