Lamento Cigano
Maior que o misticismo de uma lua cheia no céu
Só o amor que brilha nos olhos da ciganinha chamada Raquel
Brincos e pulseiras a tilintar
Saia colorida e pés descalços a rodopiar
Mãos em vorteio e Santa Sara Kali como devoção
No clã cada um é o feiticeiro do seu própio coração
Filha de um ferreiro não possui nem dote muito menos ouro
O lençol manchado de sangue será talvez seu único tesouro
Alguém leu a sorte na palma de sua mão
Em breve conhecerá aquele que será o dono do seu coração
Sempre respeitando a tradição
Tendo como teto as estrelas
A terra sua pátria
E a liberdade como sua religião
Vendo pelo espelho da alma
O reflexo do seu própio coração
Seus longos cabelos da cor do breu
Ficarão mais macios ao conhecer os carinhos teus
O mesmo feitiço que emana ao dançar
Verá nos olhos dele quando ela se entregar
Um cravo vermelho entregará a todos em sinal de gratidão
Sob o olhar atento e protetor do pai e do irmão
Seu espírito é livre
E nômade será sempre seu coração
Não deixa de ter o perfume de uma rosa
Nem a valentia de conduzir sozinha uma carroça
Parecendo submissa não se senta com os homens a mesa
Herdou dos avós a sedução e a nobreza
Um cigano errante pelo mundo
Há de vagar em algum lugar
E na encruzilhada do destino um dia irão se encontrar
E nas noites de verão só para ele a ciganinha irá dançar
No frio do inverno em seus abraços ela irá se abrigar
Para o amor dos dois não existirá hora nem lugar
Do sorriso dele reluzirá o mais puro ouro
Quando ouvir da ciganinha Raquel
Que o seu amor é o maior tesouro...