Poema Catastrófico nº1 – Uma Valsa*

eu dormia e sonhava

com as valsas de Liszt e de Strauss

e bailavam na minha esperança

os cânticos das ninfas azuis...

mas acordei-me com um berro

e as pernas afogadas no rubro do ferro...

quedou na leveza do meu sono

o pesar do chumbo

e o ritmo frenético de um bumbo

que fez valsar as minhas pernas em lavas

na febre ardente do mercúrio

e as arrancou como se fossem asas...

serpenteavam sarcásticas aos meus lados

nas hemácias ácidas de um sangue artificial

as correntes dos metais pesados

sonhava com valsas

e acordei com metal...

voei de um leito para um leito

de hospital

valsando às chibatadas

de um líquido relho...

saio do céu do Danúbio Azul

para o inferno de um Danúbio Vermelho

* poema para vazamento tóxico de “lama vermelha” de uma fábrica de alumínio na Hungria, considerado o pior desastre químico da história do país.

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Alessandro Reiffer
Enviado por Alessandro Reiffer em 08/10/2010
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