Enquanto Amanheço
Ai se amanheço
Ai que não me veem
não me sentem...
E por que me têm?
Ai esse mundo
ao qual nem pertenço
mas me cerca por todos os tempos...
Ai isso a que me presto
De resto, deve ser porque não fujo
Simplesmente vivo essa fumaça,
esse Nevoeiro,
essa imensa preguiça...
Mas sem querer
passo a querer tanto
e feliz ou triste
vivo todo instante de engano
luto por essa morte viva
e de luto anoiteço
tranquilo e em paz...
As vezes até cresço
e descubro sem pudor
que essa grandeza é pequenina
Estranha sina do desejo.
Sequer um verso mais ofereço
Claro que a mim mesmo,
enquanto não amanheço...