A queda
Aonde estão caídos, despojados,
todos os desejos dos teus olhos,
todo o ardor que nada queima,
toda a santidade
que enfim era pecado?
Ainda vi tuas frases não ditas;
eu fui eco do teu sabor...
Na fluência nua no teu corpo desgastado,
como flor de um tempo sem compasso,
que passa como se não passasse...
Tantas quimeras vivas eu era,
na tua presença descontida de espaço,
ah, faz tanto tempo,
senti tuas mãos mudadas
e a tua voz serena que agora é dor.
Aonde estão caídos
o teu princípio
e o teu sabor?