CARAS

Tantas (os) caras e as mesmas caras

se mascaram...

e não há nada de novo para encarar.

Tantas (os) caras...

vejo sempre as (os) mesmas (os) caras

e nenhuma cara

para ver/tocar/ter/olhar.

Tantas (os) caras

iguais,

as (os) mesmas (os) caras

sempre

e nenhuma cara nova

para conhecer/provar/viver/admirar.

Tantas caras/tantos caras

e as mesmas caras a olhar

na minha cara.

As mesmas caras

é o que me resta para ver,

é o que sobra para ter,

e eu não quero, as velhas caras.

Enjoado,

repudio com a cara mais lavada,

com a vontade travada/tarada/trancada

presa e de cara amarrada,

louco por uma nova cara.

Quero uma cara,

quero ver gente nova...

caras novas no meu pedaço,

no meu pé...

arrancando à força,

à paulada

essa dor que me mascara.

Tantas (os) caras à minha volta,

as (os) mesmas (os) caras, sempre...

e nada, nada de novo...

e nenhuma cara me encara.

1993

Marcos Horto
Enviado por Marcos Horto em 26/09/2010
Código do texto: T2522181