CARAS
Tantas (os) caras e as mesmas caras
se mascaram...
e não há nada de novo para encarar.
Tantas (os) caras...
vejo sempre as (os) mesmas (os) caras
e nenhuma cara
para ver/tocar/ter/olhar.
Tantas (os) caras
iguais,
as (os) mesmas (os) caras
sempre
e nenhuma cara nova
para conhecer/provar/viver/admirar.
Tantas caras/tantos caras
e as mesmas caras a olhar
na minha cara.
As mesmas caras
é o que me resta para ver,
é o que sobra para ter,
e eu não quero, as velhas caras.
Enjoado,
repudio com a cara mais lavada,
com a vontade travada/tarada/trancada
presa e de cara amarrada,
louco por uma nova cara.
Quero uma cara,
quero ver gente nova...
caras novas no meu pedaço,
no meu pé...
arrancando à força,
à paulada
essa dor que me mascara.
Tantas (os) caras à minha volta,
as (os) mesmas (os) caras, sempre...
e nada, nada de novo...
e nenhuma cara me encara.
1993