Meu último amanhecer.
Por trás destas grades grossas,
neste calabouço úmido e frio
vaga uma alma atormentada
acorrentada numa descontrolada fúria.
No charco pegajoso, o pântano
consumindo qualquer vida pulsante.
Quem ali passe - ou ouse pousar,
será sugado num rompante.
O céu tingido de um cinzento pálido.
Agitava-se acima de mim com espessas nuvens carregadas.
O frio ardia nos ossos e tombava a alma
Ao bater nas árvores, eram como açoites, eu sentia.
Maldito ser que carrega a foice,
aguardando sinal para o dever cumprir
Vai levar meu corpo ao chão
e deferir em meu pescoço sua força muscular.
Nesta Fortaleza dos Malditos,
Encaro esta figura pela janela, aflito.
Pendurada, imóvel e me vigiando
A *Gárgula de pedra com rosto retorcido.
Testemunha de todos que aqui estiveram,
Aguardo meu último amanhecer!
As gargulas na arquitetura, são desaguadouros, ou seja, são a parte saliente das calhas de telhados que se destina a escoar águas pluviais a certa distância da parede e que, especialmente na Idade Média, eram ornadas com figuras monstruosas, humanas ou animalescas, comumente presentes na arquitetura gótica. O termo se origina do francês gargouille, originado de gargalo ou garganta, em Latim gurgulio, gula.
Acreditava-se que as gárgulas eram os guardiões das catedrais e que durante a noite, ganhavam vida".