Eu vou fugir, sabe?

Eu vou fugir de casa, sabe?

Vender meu corpo,

comprar uma passagem e ir,

só alma, para deus-dará.

Eu vou fugir de mim, sabe?

Vender meu sorriso,

comprar uma passagem

e perder o trem,

só para comprar outra

e ver que eu tenho coragem

de continuar algo do qual eu desisti.

Eu vou fugir daqui, sabe?

Vender minha alma,

porque o corpo já ficou

no início, junto

com o sorriso.

Vender minha alma e vagar,

pura mente perdida,

por onde calhar de chegar.

Eu vou fugir de lá, sabe?

Vender minha vida,

desastrada e sofrida,

e ir para longe do mato,

ligeira e volátil,

de onde nunca fui nem serei.

Eu vou fugir do sempre, sabe?

Vender minha rotina,

minha verdadeira assassina,

vou comprar sapato,

mochila, calça, agasalho,

vou partir de vez,

nada pior do que já fiz.

E não mais vou fugir, sabe?

Mas vou comprar tudo de volta,

corpo, sorriso, alma e vida,

só não me devolva a rotina,

a única que não quero ver

e que se caso acontecer,

me fará vendê-los todos

outra vez.

Eduarda Daibert
Enviado por Eduarda Daibert em 19/09/2010
Código do texto: T2506826
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