Próprio Coveiro

Sou meu próprio bandido

Que vive só e escondido

Furto-me possibilidades

Adio sempre a felicidade

Pedaços de vida...

Depois das despedidas

Deixo-me algemar em espaços

Tropeços e cansaços

Sou meu próprio assassino

Tolhido e cerceado insano

Sepulto-me na tumba

Ou no fundo das catacumbas

Da conformidade

Preguiça e obscuridade

Animal de hospedaria

Sem honrarias...

Vivenciadas pelo tic-tac

Sem ouvir os plac-plac

Do meu cuco sarcástico

A cuspir-me o pio enfático

Onde gasto meu tempo

Dos replays - redundantes

De fatos desgastantes

Orgânicos, ocos e mecânicos

Involuntariamente, jazigo-me

Pelo comodismo e pelo medo

Vomito meus segredos e degredos

Por razões que desconheço...

Sou meu próprio carrasco

Capacho das ilusões

Servo das decepções

Bárbaro que me aprisiona

Em masmorras intrínsecas agridoce

Sou sede e cálice de veneno

Porém não tenha de mim pena

Sou meu próprio coveiro

Selvagem matreiro

Meu próprio verme

Devorado no cerne

Inferno de mim!

Duo: Sheila Assis e Hildebrando Menezes

Navegando Amor
Enviado por Navegando Amor em 15/09/2010
Código do texto: T2499776