Próprio Coveiro
Sou meu próprio bandido
Que vive só e escondido
Furto-me possibilidades
Adio sempre a felicidade
Pedaços de vida...
Depois das despedidas
Deixo-me algemar em espaços
Tropeços e cansaços
Sou meu próprio assassino
Tolhido e cerceado insano
Sepulto-me na tumba
Ou no fundo das catacumbas
Da conformidade
Preguiça e obscuridade
Animal de hospedaria
Sem honrarias...
Vivenciadas pelo tic-tac
Sem ouvir os plac-plac
Do meu cuco sarcástico
A cuspir-me o pio enfático
Onde gasto meu tempo
Dos replays - redundantes
De fatos desgastantes
Orgânicos, ocos e mecânicos
Involuntariamente, jazigo-me
Pelo comodismo e pelo medo
Vomito meus segredos e degredos
Por razões que desconheço...
Sou meu próprio carrasco
Capacho das ilusões
Servo das decepções
Bárbaro que me aprisiona
Em masmorras intrínsecas agridoce
Sou sede e cálice de veneno
Porém não tenha de mim pena
Sou meu próprio coveiro
Selvagem matreiro
Meu próprio verme
Devorado no cerne
Inferno de mim!
Duo: Sheila Assis e Hildebrando Menezes